domingo, 3 de abril de 2011

Desamável.

Na noite passada eu deitei em minha cama fraca, com lágrimas encharcando o travesseiro, me senti como uma folha seca caída no chão sobre a neve fria. Então você chegou e pisou em mim com o jeito mais cruel que alguém poderia faze-lo. O barulho da folha rachando no frio ecoou, eu me encolhi, mas não, você nunca seria desamável. Por um motivo oculto e obscuro, nunca se tornaria desamável para mim.
Na orla do céu você me escreveu as mais lindas palavras de amor, mas a garota insegura não quis ver nem acreditar. Eu evitei qualquer reação, qualquer sentimento, apaguei suas palavras de mim. Mas elas ainda voltam, durante meus sonhos, durante um momento nostálgico de ilusões apagadas. Agora eu me tornei vulnerável, você realmente acha que pode ser desamável?
Apesar das minhas lágrimas, apesar de que até esse instante eu tenha jurado que nunca me encantaria por você, nem por seus versos, agora eu me tornei prisioneira de meu próprio coração. Enxergo seu rosto no orvalho da manhã, no crepúsculo de final de tarde. Penso em cada gesto seu, em cada palavra sussurrada que somente nós dois sabemos.
Na manhã seguinte, eu acordei com as lágrimas secas em minha face, e um leve sorriso, lembrando de meu sonho. O cheiro de terra molhada e o sol alto me trouxeram sua lembrança, eu quis esquecer, mas se tornou impossível. Você nunca será tão desamável. E cada palavra sua que me feriu, eu consegui esquecer, mas suas mãos afagando meu cabelo eu nunca irei apagar de mim.
Eu levantei e admirei a vista que se formara, as folhas ainda pingando, os raios de sol tomando conta da paisagem. Eu sorri e respirei lentamente o ar do novo dia, como sorria e costumava ouvir sua respiração.