terça-feira, 25 de outubro de 2011

Chuva


Já não sei onde ando, perdi-me entre esses nebulosos vales, nessa taças que chorram intermitências de morte, suspiros. Hoje chove, degrada a imagem de minh'alma onde busco abrigo, perdi de meu refúgio. Identifiquei meu coração com o sol, que atrás das nuvens derrama-se pranto, entre esses poderosos alicerces, não consegues mais saíres. Notei os pássaros, escondidos, retratados de medo, aflitos, em baixo das árvores, e eu, eu mesmo com as asas pesadas, machucadas, ainda voejo baixo por entre os arvoredos, sem saber o que busco, assistindo ao festival de gotas dependuradas nas folhas e então tombarem ao chão.
Sinto-me vazia, assustada, como os pequeninos animais a vista da tempestade, como filhote de falcão que saíra ao relento, buscando acalanto, ou talvez flores para um pranto.
E para onde voejo, já não sei, nem sei como minhas asas suportam este peso morto, esta alma pesada, embora meu coração seja pluma. Pousei em janelas desconhecidas, vidros embaçados impediram-me de ver, de presenciar amor ou sutil esperança. Não avisto o sol a algum tempo, apesar de busca-lo... Talvez mais tarde o encontre, quando saíres de trás desses dantescos escombros, junto ao meu coração, para irradiar, acompanhar, festejar. Pois, embora adore dias nebulosos, tempestuosos, eu sinto medo de trovões, em específico os mais silenciosos.