Eu não me permito, em
nenhum vão momento, sentir tua falta. Não por me sentir culpada, mas pela
angústia que a lembrança dos teus olhos traz.
Teus olhos sempre tão parecidos com os meus, o jeito de
sorrir, eu sempre comentei sobre a nossa semelhança, e tu sempre discordava.
Bom... agora não deve haver tantas, já que faz um longo tempo que não te vejo,
não ouço tua voz e não escrevo sobre ti.
As folhas verdes vivas ainda me trouxeram alguns cheiros de quando éramos tão próximos, e a tua lua aparece de vez em quando na minha janela, para me lembrar do rosto coberto do cinza que admirava as estrelas. Mas parece uma eternidade. E meu medo vem até meu colo e me questiona se será assim para a vida toda.
Foi tudo tão nublado e as ondas estavam tão
fortes, tudo tão violento, não havia uma paz naquele último domingo e até as
águas estavam inquietas, batiam no meu ombro e rosto como quem dá tapas pelos
erros sucessivos que nos trouxeram até o fundo.As folhas verdes vivas ainda me trouxeram alguns cheiros de quando éramos tão próximos, e a tua lua aparece de vez em quando na minha janela, para me lembrar do rosto coberto do cinza que admirava as estrelas. Mas parece uma eternidade. E meu medo vem até meu colo e me questiona se será assim para a vida toda.
E ainda continua nublado. As paredes sentem a falta das nossas conversas, das confissões que só nós dois sabíamos, e confessando agora, eu nem queria escrever para ti!
As flores lilases do meu quarto me repudiam por tentar lembrar com ternura de algo teu. Porque depois de tudo não deve haver alguma ponta de ternura. Está tudo imbuído e sufocado, como a fumaça de nicotina adentra os pulmões e ali permanece. Está tudo asfixiado.
Justo eu que não queria perder mais ninguém, que estava na minha paz e buscando a calmaria que tanto luto em ter, acabei te deixando ir, acabei aqui querendo perdoar algo que nem meu é mais.
Meu querido deixe que as andorinhas façam mais um verão e que o alaranjado traga o outono Talvez o inverno nos reaproxime novamente. Talvez neste inverno o esbranquiçado do céu tenha nos cegado. Abra teus olhos quando tiveres coragem de encarar toda a saudade que eu guardei de ti.