domingo, 25 de setembro de 2011

Fragmento

Sorria, amargurada, desamparada
Entre soluços e calabouços de desespero
Breus de medo e cacos de vidro
Rachaduras expostas, queimaduras à mostra
O sorriso, a quem visse, parecia falso, fingido
Como uma boneca de porcelana
Com desenhos de alma impura
Qualquer um que a avistasse
De longe diria, falsidade
Estátua marmórea, um grande plágio
Peça de teatro ensaiada simetricamente
Onde a cortina foi fechada a força
E os pássaros cantavam sobre o túmulo
Onde ela, sorria maleficamente
Provando o sabor do fim da vida.

sábado, 17 de setembro de 2011

Vagas Memórias.

A casa está vazia. Os móveis empoeirados de doce nostalgia são os únicos a ocupar espaço. Apesar de que, a sua ausência, ocupa um espaço bem grande. Desabafo para as paredes cheias de fotos, com sorrisos mortos e olhares estranhos. Tudo parece sórdido quando você se ausenta. Olhei para minha cama e vi seu contorno, leves traços de seus braços no travesseiro, e ecos de sua tímida risada, a mesma que deu quando me conhecera. Penso eu, estar enlouquecendo, na bruta saudade, na dor de perda e arrependimento. A melancolia é vasta pelo meu quarto, na sala ainda vejo a sombra de meu anjo, ah… Não mais meu anjo. A esperança me ilude na espera de você voltar, de ter sua proteção e carinho de volta. Que cruel esperança, que cruel coração, que cruel razão, que cruéis pensamentos! Martirizando-me por espaços descobertos e vazios, onde não há mais espaço para uma agulha, lotado de sentimentos bagunçados, confusos e dolorosos. A varanda ainda tem seu buquê de rosas do nosso encontro de outrora, mas as folhas penderam ao chão, secas e amareladas, juntos às outras da estação. Difícil distinguir o que dói mais, ou distinguir se é amor ou dor, talvez ambos, ou talvez sejam sinônimos. Amor igual a dor, dor igual a amor. Ou um atraia o outro. Pois eu te atraí, e você de alguma forma me puxou para seu mundo. Mas eu tombei ao chão, e me encontrei em meu mundo mórbido e frio. Passa-se o tempo, e eu vou reorganizando a casa. Mas hoje, quando os raios de sol atravessaram a veneziana escura, revivi momentos em que você esteve presente. Minha loucura me levou a lembranças de estações passadas, ou talvez, o outono nem tenha chegado ao fim.