Tinha uma árvore, com
nossos nomes grafados, sem coração, sem vírgula, sem ponto, apenas saudade.
Angústia de não saber amar sem chorar ou não saber viver sem
amar, e remava pelas suas lágrimas, as mãos cansadas de entrelaçarem-se
sozinhas por falta das tuas. O dia tomou um tom acalorado, meio sórdido com
frutas coloridas e um ar opaco. O céu tornara-se verde, da cor dos olhos dele.
O melro amanhecer cantando, o dia quente suava em sua boca, e o vermelho dos
olhos da noite mal dormida não ardia mais, e não aparentava o cansaço de
sentir-se só. Apenas sorria, e via o contorno do sol no horizonte relembrando
as linhas do teu rosto, da tua boca pequena e do adocicado do beijo. Ah... o
gosto da brisa de solstício tinha um sabor familiar, e sorria, e beijava o
vento, as flores e os pássaros. As pombas na borda do rio tinham a tua voz, e
os beija-flores guardavam seu perfume.
A saudade sofria.
Saibas tu, que ela não sabia fortalecer-se solitária,
singular, pois tinha tornado um par de mãos, um par de alianças, e um par de si
mesma. Em ti, refletindo a vida em par.
Dor de estar longe, de ver os dias melancólicos e sujos sem
a presença de amor, a dor de não sentir-se amada, e sentir-se nostálgica. Tinha
algo mais, e as árvores não eram as mesmas, estavam todas com os nossos nomes,
e nossos olhares, e nossas mãos. Juntei mil vezes minhas lágrimas, e uni mil
vezes minhas mãos nas minhas, por saudades das tuas. Mas, meu amor, minhas mãos
tão pequeninas não sabem sentir, não sabem alicerçarem-se a sós, sem as tuas. E
eu não sabia que as minhas ardiam tanto sem as tuas. Não sabia que doía tanto
não sentir amor, nem estar apaixonada, só estar com saudade.
Meu amor, minha
saudade.