quarta-feira, 23 de março de 2011

Hoje parei em minha janela e contemplei o pôr do sol. Percebi as sombras que pairavam sobre as árvores e o céu laranja mais ao fundo. Notei uma nuvem mais escura, que escondia as outras mais claras, o céu ficou escuro de repente. Eu me retirei da paisagem e pensei na minha vida, nos meus últimos dias, que eu venho sentindo uma vontade constante de ir embora. Tenho tido dúvidas que antes não me surgiam à cabeça. Quando você se pergunta se quem realmente você ama, merece seu coração. Quando você fica em duvida se a nuvem escura está escondendo as outras, ou se as outras querem se esconder de qualquer jeito. Você se pergunta 'vale a pena?'. Então eu volto para a janela, a paisagem agora continua sombria, negra. Mas, mais ao longe, se você olhar bem, vai ver o campo iluminado, uma brecha com raios de luz que originam do sol. Ele ilumina como se toda a luz do mundo fosse voltada para aquele campinho no meio do nada.
Eu percebo que não importa o quanto você se sinta com medo, atingido, isolado, sempre haverá alguém, as batidas do seu coração não vão parar, mesmo que doa cada uma delas. Suas lágrimas irão secar, independente se outras virem ou não. Há sempre uma luz, que brilhará mais quando tudo estiver escuro e você sempre vai acreditar novamente, você irá sorrir, mesmo que sua boca esteja acostumada com os cantos.
Então eu saio de perto da janela e deito na cama. Fecho minha pálpebras pesadas e sonho com algo impossível, tenho pesadelos torturantes. E no outro dia, a mesma paisagem se repetirá, mas no momento, eu me pergunto, se sou a nuvem negra que cobre todas as outras ou se sou aquela que quer se esconder.

domingo, 20 de março de 2011

Intacta.

Eu estou com medo. Muito medo, é um tipo de sentimento frio, mas eu o sinto. Medo e tristeza. Medo de que todo esse tempo eu tenha evitado as melhores coisas do mundo, medo de que eu tenha evitado amar, chorar, sorrir. Medo de que eu esteja agora como uma pedra no tempo, intacta, intocavelmente sensível a qualquer palavra. Estou triste, porque me encontrei realmente. E percebi que as lágrimas antes de dormir, os sorrisos forçados, são apenas para esconder o que eu evitei todo esse tempo. Quando a noite chega e eu me envolvo com lembranças completamente intactas, pois elas não foram alteradas, eu não sonho com algo melhor. Eu me tornei vulnerável a reações de perdas e amores. Me tornei tristemente medrosa, sem coragem. Agora, nesse momento, tenho medo do dia em que me encontrarei com alguém que realmente me ame, com alguém que eu amo incondicionalmente. E a pergunta me vem na mente, eu irei evitá-lo novamente? Qual minha desculpa para apagar as lâmpadas que se acenderam novamente nossa existência?
Tenho medo de cantar músicas sobre amor, tenho medo de pegar o violão e perceber que os acordes não saem, perceber que o livros de poemas se encontram intactos e que estou como eles, jogada no fundo da gaveta. Estou com o maior medo, no momento, de sentir falta que algo que nunca tive, amor. Pois essa tristeza me vem a todo instante e eu não tenho outra alternativa, eu procuro um refúgio e me escondo, nem que seja debaixo do sol. Eu me escondo, entristecida, com medo, com pena, não de mim mesma, mas das histórias que tenho evitado, das pessoas que feri e dos sonhos que destruí.
No momento, eu estou com muito medo.

sábado, 19 de março de 2011

Fria, como o jeito que você se foi.

Hoje percebi que ninguém mais me trará arrepios como você, percebi que não importa o quanto eles se importem, para mim serão sempre outros. Eu me sinto vazia, com sorrisos automotores, lágrimas secas, mãos sem coragem de se erguer, me tornei indelicávelmente fria aos olhos o mundo, aos meus olhos.
Mas então quando você se aproxima, meu coração torna ao movimento. Eu sorrio, com medo, de recaídas, porque sei que a unica chance de me perder é em você. Sei que seus olhos verdes serão sempre meu segredo, uma confidencia mortal. Minha fragilidade se desperta, o sorriso ainda não saiu de meu rosto. É como o sol invadindo a escura manhã, a auréola que vem dos seus olhos me encantam como fadas em contos infantis.
Mas eu viro minhas costas, apesar de tudo, apenas vivo nas nossas lembranças. Seguindo minha monótona rotina de sorrisos como um autômato. Eu passo o dia entre eu e uma pequena passagem para o mundo, ando distraída, não tenho tempo para pensar em você. Porém, quando a noite chega e eu deito meu corpo sonolento, as lembranças se fundem com meus pensamentos. Eu as acolho e durmo com seu cheiro, nós dois juntos. E no outro dia de manhã, acordo para minha vida letárgica, frieza constante, nada importa. No lugar onde o sol não me encanta, o mar me parece pequeno, e as pessoas são como pequenas pedras, eu sou o orvalho que cai sobre elas. Sem função importante, apenas demonstrando o que restou da noite, enquanto não acho minha áurea nessa terra.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sinto-me cansada, o escuro me cansa, o silêncio me cansa. Eu olho para a janela e vejo a lua longe, distante. Estou cansada de ver o céu azul, estou cansada do sol me cegar, estou cansada de ouvir sorrisos. Eu cansei de esperar uma resposta sua, cansei de ser sempre aquela que tenta salvar os alicerces. Cansei de viver de nostalgias, viver nessa rotina ridiculamente normal, de ver rostos vazios e idéias incompletas. Eu cansei de indecisões, cansei de iluminar amores que se apagam sozinhos e me machucam. Cansei de até fingir que me importo. Cansei da monotonia, cansei de ser masoquista. Eu cansei, sinto-me exausta, meu coração bate lentamente. Cansei... não de viver, mas fingir que isso é vida.
Eu sou insegura, frágil, sentimental, fria, disfarço. Posso parecer simpática demais, mas nem todos me vêem assim. Sou anti-social, estranha, antipática, um gelo em pessoa. Sou querida, até possivelmente amável. Finjo, sorrio quase o tempo todo, mas então entro em meu quarto e me agarro ao travesseiro com lágrimas nos olhos. Medo, sou medrosa, penso que não irei segurar as lágrimas até a hora de ir embora, parece que irei desabar na frente de todos. Fraca, muitas vezes me humilhei para não perder quem amo, porque cansei de despedidas. Sentimentalista, uma palavra e eu caio de joelhos. Fria, falsa, eu minto, a minha resposta para tudo é 'vai ficar bem', 'nada mais irá acontecer', é meu conselho aos amigos, mas eu mesma nunca me escutei realmente, sou estúpida, pareço uma garota forte, então espero tudo se acalmar e choro no banheiro com o chuveiro ligado, choro em meu quarto no meio da madrugada, choro, soluço e torço para ninguém escutar os gritos, porque sei que ninguém entenderia.
Indecisa, tenho milhões de idéias fixas, ideais baseado em mim mesma que são seguros, mas entre escolhas fracasso, perco. Entre decisões eu choro como uma criança, pois não posso escolher o que eu amo entre o que eu necessito. Feliz, sou feliz, apesar de tudo, pois de tanto chorar minha boca se abre em sorrisos quando não estou a ponto de desabar, mesmo que as vezes, meu sorriso sirva de barreiras.

Conto.

Me encontro no quarto fechado, as janelas estão cobrindo os raios de sol que ainda teimam em entrar por pequenas frestas. Eu acabo de fechar um livro romântico e me emociono ao lembrar do primeiro beijo do casal protagonista. Eu volto a algumas horas atrás, quando estava naquela sala, onde você sentara a alguns passos de mim.
Seria mais um dia comum, mais um na rotina. A monotonia continuara, rostos vagavam por mim, sorrisos ao longe. Todos começaram com a mesma coisa de sempre. Mas então você me fitou por momentos que pareciam ser eternizados. Eu notei sua presença naquela sala vazia e cheia de gente.
Sorri, ao desviar o olhar do seus e encontrar a cortina esverdeada. Disfarcei rapidamente meu sentimento que me alertou algo. Eu fui para casa, subi a rua vazia e longa, dobrei da quarta esquina onde algumas pessoas se cruzavam, mas sem a menor importância de olhar para o lado. Seu rosto as vezes atrapalhava minha visão. Sorri novamente. Sorri várias vezes.
Em pensar que eu poderia ter ido esse caminho todo com você, depois você me daria um beijo e se despediria com 'até amanhã'. Logo eu iria na sua casa, nós contaríamos fatos de nossas vidas, falaríamos coisas insanas e você me beijaria de surpresa enquanto eu estava no meio de uma frase. Você sorriria somente ao me ver chegar, eu ergueria meus pés para encostar minha boca na tua, pois você é mais alto do que eu pensei. Você bagunçaria meu cabelo e eu iria rir, mesmo tentado deixar ele como estava desesperadamente.
Você faria as caretas que sempre faz, e eu adoro. Então nós iríamos outro dia para casa juntos, o sol estaria alto, mas o frio do inverno tomou seu lugar.
Seria épico tudo o que poderíamos viver. Mas eu estou aqui em meu quarto escuro, com a xícara de café pela metade, sorrindo ao lembrar de você e me achando insanamente exagerada em relatar isso. Mesmo que eu não saiba o dia de amanhã, só sei que irei ver seus olhos nos meus novamente.
Volto para minha leitura, do casal apaixonado, unidos por um mero acaso da vida que eles fizeram valer a pena.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Meu coração está calmo, bate lentamente, as lágrimas secaram, a dor está invisível. Sempre será invisível qualquer reação de concerto, meu coração incompleto se acostumou com o frio.

Fragilidade

A folha está fazia, minhas lágrimas infestam o papel, eu sorri para você, mas era minha dor tentando sair. Quando eu tentei falar algo eu não pude, pois soluçava. Na auréola de minha pena, arrependimento eu penso nas perdas em que tive que me acostumar, pois chorar para você é demonstração indireta de fraqueza. Fraqueza? O que seria essa palavra fria, fraco, sensível podem ser sinônimos?
Chorei, morri um pouco, a folha de papel não voltará ao normal, eu me acostumei com o abismo entre sua sensibilidade e caráter. Eu me acostumei a segurar tudo o que tinha a dizer, me encaixei na sua rotina feliz e artificial. Na auréola de minha paz, eu vejo sorrisos, mas isso me assombra.
Me assusto, abruptamente eu corro para longe, me escondo em mim, me escondo de você e suas palavras cortantes. Estremeço ao ouvir um chamado seu, haverá mais guerra?
Bem... Eu já me acostumei, se tornou até confortável caminhar sobre o orvalho despedaçado, eu choro no meio da noite, enxergo minha dor, eu posso vê-la. Mas tudo se torna escuro, ninguém enxerga nada quando você está por perto.
Eu me acostumei com o trovão de sua voz, com os raios que caíram sobre mim.
"A vida é assim, derrotas e perdas", foi a última frase que escutei sua e a única que eu levarei eternamente.
A folha está em pedaços e nunca voltará como era antes, o mesmo que a rasgou é o mesmo que tentará concertar. O mesmo que provocou as lágrimas que a molharam, é o mesmo que guardara ela, o mesmo que quebrou o cristal sensível sempre será o mesmo que tentará concertar sua fragilidade.

terça-feira, 8 de março de 2011

Multidão resistente.

Nesta manhã eu acordei com o som da chuva torrencial, acordei com os olhos fechados. Qualquer reação abrupta que meu corpo fizesse eu obedeci, qualquer reação emocionalmente ocasionada eu iria aceitar. Eu fechei meus olhos para minha mente, ando com os pés inseguros, as mãos procurando algum apoio. Mesmo tendo a insegurança como minha melhor amiga, eu abraço qualquer decisão no escuro, na névoa cegante. Fechei os olhos para a multidão de pensamentos pessimistas, meu corpo está dotado de medo, contando até dez e aceitando quaisquer escolha. Aquela multidão resistente, que me dominava antes de reagir à qualquer sentimento, à qualquer vontade, está trancada. Eu ilumino meu caminho com meu coração, com minha intuição, vou segui-los até que a morte me silencie, ou até que algum erro fatal me despedace. Então sim, eu andarei de olhos bem abertos, mas no momento cansei de ver coisas indesejáveis, cansei de olhar para sorrisos e acreditar neles. Essa vai ser minha desculpa esfarrapada, olhos fechados, vendados. Foi dessa maneira que acordei hoje, entre reticências, vírgulas, sem ponto final, nenhuma certeza, apenas intuições.
Hoje acordei de olhos fechados para aqueles resistentes pensamentos que vêm como multidão me impedindo de apenas sonhar e viver. E amanhã irei acordar desse mesmo modo.
Não estou sendo cega, apenas vivendo rápidas escolhas, de reações abruptas à sentimento. Apenas isso, vivendo...


quarta-feira, 2 de março de 2011

Não adianta se desculpar, não adianta chorar se você já traiu. Não tenho mais tempo para aguentar seus lamentos, eu preciso viver por mim, sem as suas interrupções.

terça-feira, 1 de março de 2011

No meio da noite.

Eu caio no sono, meus olhos estão cerrados, mas eu posso ver algo intrínseco, posso ver uma garota caminhando sozinha na rua, uma garota reticiente. Durante minha inconsciência eu sonho com campos, flores, outonos, setembros. Penso se terei mais chances de sonhar assim. No meio da noite eu fujo, corro, me assusto. No meio da noite o silêncio me perturba, eu faço planos que ficam confidenciados, eu visito pessoas, gravo rostos. Eu não sei se posso sonhar sozinha, não sei se conseguiria passear no meio da noite. A verdade é que todos tem medos, todos temem, mas eu arrisco, eu sou aquela que monta fantasias, que tem os alicerces destruídos, que mora na escuridão. Sou aquela que no meio da noite vive a vida, que no meio da noite ama, chora, sorri, planeja, revoluciona. Sou aquela que no meio da noite sinto uma dor descomunal, aquela dor de que amanhã será um novo dia e eu terei que fingir novamente.