Eu
chequei nossas últimas mensagens para ver se algo ali me daria uma explicação,
uma vírgula mal colocada, um ponto que não finalizou, eu li inúmeras vezes teu
nome, com cada letras curvando-se de tanta saudade, pra ter certeza que era
aquele mesmo.
Ao passo que a temperatura mudou
levemente, minha escrita mudou bruscamente junto comigo, eu nem altero as
frases de lugar mais, nem uso aqueles termos que você nunca entendeu. E aqui
estou eu, escrevendo para você em um texto meu.
Enquanto as janelas ainda estão abertas para o resto de sol vir dar uma boa
noite, eu sinto aquele cheiro de outono que anunciou tanta coisa há alguns
anos, e hoje, só anuncia uma noite que eu não tenho ideia de como chegou e nem
como irá terminar. Eu estou com tanto medo de pôr o pé pra fora de casa e
encontrar seus olhos, ou pior, seus olhos olhando em outros. Não, eu não tenho
o direito de sentir nada disso, mas você também não tinha o direito de mudar
cada essência em mim e se deixar impregnado na pele – eu avisei que ficaria
perdida sem nós dois, nós sempre fomos minha bússola.
Cada voz que vem me acalentar me fala o quanto estou sendo imatura de sentir
tudo, e algumas outras me deixam chorar, sinto abraços fortes e olhares de
tristeza, mas nenhum abraço doeu tanto como o nosso último, naquele banco da
praça.
Desculpe-me pelas palavras tão doloridas
e diretas, mas as palavras se perderam também e eu não sei escrever com as mãos
molhadas de lágrimas.
A água terminou de aquecer, os meus pés estão tão frios! Encho a xícara de
chá quente e as fotos que ultrapassam os papéis estão cada vez mais vivas, como
se as cores estivessem me avisando de que nada de bom está para acontecer hoje.
Como se estar no mesmo universo que você, sem existir mais nós dois, fosse uma
pedra no peito, metáfora de pessimismo e má sorte.
Eu alterei tanto minha face que as pessoas já não me reconhecem, e eu não me
reconheço dentro de mim mesma. Já se sentiu tão perdido a ponto de tentar se
acalmar consigo mesmo, mas não conseguir pensar por si próprio?
Eu tranquei a janela porque já está muito frio, e fechei a cortina cor dos seus
olhos. Visto um casaco que não tenha o seu cheiro e ponho o pé pra fora de
casa. Rezando para não ter que te encarar sem minhas mãos nas suas.
Quando a gente muda, as palavras também
se modificam dentro dos dedos.
Olá, Amanda!!! Adoro seus textos. Parabéns pelo talento!!!
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